Entrada do Santuário de Poseidon

Do maelstrom, Arshes fora transportada para um local completamente novo e, sem a água ao seu redor, o corpo caía com a mudança repentina de ambiente. O som abafado de suas costelas de encontro ao chão fora seguido por palavras nada nobres, enquanto a jovem se levantava. Ajeitou as vestes e aprumou-se para somente então contemplar o lugar para onde fora e perder o fôlego com a visão: era magnífico. E em seu coração nasceu um sentimento único, inefável no mesmo instante. Contemplar os mares como firmamento a fez sorrir genuinamente; para Arshes, que tantos anos navegara sobre as águas, estar sob elas daquela maneira era incrível. Lembrara-se, entrementes, das histórias que seu mentor contou e as considerou quase um insulto ante a grandiosidade do lugar não apenas pelas formas, mas pela força em sustentar o oceano.

Andou primeiramente com passadas lentas e interrompidas ora ou outra, quando perdia-se avaliando as estruturas e imaginando como foram concebidas e efetivamente edificadas. Parecia um trabalho que ia muito além da capacidade humana normal, pensava. Contudo, conforme a surpresa dava lugar à curiosidade, os passos tornaram-se menos lentos ininterruptos, mesmo que não soubesse para onde seguia - o que nunca seria motivo suficiente para Arshes parar.

- Salut, tem alguém por aqui... nesse... - A hesitação era natural: como ela deveria se referir ao lugar, pensou. Dando de ombros, optou pelo óbvio: -Royaume de la Mer...?

Arshes desconsiderava, é claro, que as palavras em seu idioma natal podiam não ser compreendidas ali. Entretanto, mesmo passando tanto tempo distante da França, resignava-se a abdicar de suas raízes, completamente. Então mantinha um forte sotaque e não traduzia algumas palavras, ou por não lembrar de nenhuma equivalência, ou apenas por considerá-las mais sonoras e belas. Era apenas capricho e, certamente, algum orgulho latente.

Independente de suas preferências e desinências, a jovem aguardava alguma resposta e esperava que não fosse apenas um eco de sua própria voz.

Barulho misturado com cosmo em um só espiral chamava atenção. Eco gigantesco emitido em um escombro se esvaziava ao lado leste do reino no balançar das águas - possivelmente indicando que foi criado pela destruição de alguma coisa. Algo maior estava acontecendo por ali e por crença do destino a jovem jamais saberás o que era, a não ser que fosse investigar – ou tanto procurar saber que diabos era aquilo. Ao seu lado estava intacto um dos pilares oceânicos e deveria percorrer a trilha ligada a ele para chegar até o templo de seu Deus. Sem delongas a mais, caberia a ela descrever suas ações de agora em diante em prol de seu bem querer - seja lá qual for ele. Citação : OFF - Segue o ocorrido neste devido link: https://saintseiyadinastia.forumeiros.com/t86-aposentos-de-poseidon

A exploração do lugar foi interrompida por uma sequência estranha ali, que fez a francesa estagnar os passos e contemplar ao longe, de onde acreditava vir as emanações.

"Une blague!¹ Mal chego e alguma coisa acontece...!" - Pensou com uma pontada de mau humor brotando naturalmente em si -"Maudire!²" - O pensar seguinte rompeu numa investida rápida na direção daquela construção distante e central.

Contudo, quando a meio caminho, sua corrida perdeu quase toda a velocidade, reduzindo o trajeto à um caminhar hesitante. Sua mente tentava racionalizar sua ação impetuosa em correr ao que quer que tenha acontecido. Não compreendia o que a impeliu a isso, mas aqueles poucos instantes em que diminuíra drasticamente a velocidade fazia seu coração apertar em aflição; mordeu suavemente o lábio inferior em dúvida quanto ao que fazer.

"Oh, visse toi!"³ - O novo, simples e rápido pensamento trouxe resolução à sua mente. Se a razão não apoiava aquela atitude, a deixaria de lado para seguir seus instintos e pensamentos. Amara o local ao vê-lo, agora não haveria razão que impedisse essa emoção.

Numa nova e furiosa disparada, procurou galgar a distância até aquela construção central e a partir dali, procurar um caminho ou meio de chegar ao ponto daquela estranha vibração. Para uma reação destas, nas profundas águas em que estavam, ficava intrigada com o que a teria causado. Devia ser algo de grande força ou impacto - ou seriam apenas devaneios vãos tentar entender o que acontecia naquele estranho e fabuloso lugar? Independente, estava resoluta em descobrir o que se passava e resolver da sua maneira, seja lá o que isso significasse. Para tanto, a partir do templo, passaria a andar com maior cautela para que não fosse surpreendida e tão pouco perdesse a vantagem de sua existência ser desconhecida ali.

---

Off - notas: